pitomba verde
terça-feira, dezembro 04, 2007
ouro negro

queria deixar registrado aqui meu apreço a esse líquido precioso no qual o brasil é auto-suficiente, nosso ouro negro, que gera riqueza, fonte de discórdia, que vem da terra, que nos dá energia, que move o mundo. o que seria de nós sem o café?

beijos.
quinta-feira, setembro 06, 2007
da natureza dos sanduíches

ele estava comendo um baita de um sanduíche. algo terrível estava prestes a ocorrer. dito e feito, ela chega:

- limpa essa boca!
- mmm.... (de boca cheia)
- limpa isso, que nojo!
- por quê?
- por que o quê?
- por que eu limparia?
- porque está suja!
- e daí?
- como assim e daí? está suja!
- claro que está, eu estou comendo, o sanduíche é grande...
- por isso mesmo, a cada mordida você dá uma limpadinha!
- por quê?
- pra ficar limpa!
- pra sujar de novo na próxima mordida? pense um pouco sobre isso...
- pelo menos fica limpa!
- me responda sim ou não: quer que eu limpe a cada mordida?
- não, quero que você limpe e que fique limpa.
- (dá uma mordida e se mela) viu? não dá.
- ou você morde menos ou limpa a cada mordida.
- p'a não ricar chuja (mastigando)...
- é, pra não ficar suja!
- e por que não pode ficar suja?
- porque é falta de educação e é nojento!
- ô, vamos por partes... é nojento pra quem? pra mim é uma delícia.
- vendo daqui parece uma nojeira.
- quem te obriga a olhar?
- ninguém, olhei normalmente, como se olham as coisas...
- é nojento ver uma pessoa morta?
- repugnante.
- quem te obriga a olhar?
- ninguém, vejo sem querer.
- e por isso você acha que as pessoas não deveriam morrer?
- o que você quer com isso?
- quero dizer que morrer é um momento único, pessoal e intransponível, assim como esse xis-tudo.
- fala sério...
- quer que eu fale sério? eu não vou deixar de comer como eu quero, na minha casa, porque você quer olhar pra mim e me ver com a boca limpa. minha boca suja não me incomoda nem um pouco, minha consciência tá tranqüila, tranqüila... até mesmo porque dar uma limpada somente no final vai economizar papel e, por isso mesmo, é ecologicamente correto!
- minha nossa, que ogro... não sei onde eu tava com a cabeça quando me casei com você...
- eu te digo: na verdade, meu amor, você admira meu jeito livre e desleixado! no fundo gostaria de ser um pouco como eu, assim como eu gostaria de ter um pouco de sua disciplina, de suas regras, eu admito isso. imagina você com um engomadinho metódico ao lado...! seus dias iriam ser intermináveis! e eu vivendo com uma hippie? quando quiséssemos dar uma, por exemplo, seria um trabalho danado só pra conseguir se achar debaixo de um mar de bagunça...

eles brincam um pouco com essa lenga-lenga e enfim trepam. separam-se alguns meses depois.
quarta-feira, setembro 05, 2007
o insight

certa vez estava eu saindo de um curso que andava fazendo lá na ufrj, numa sexta-feira ensolarada de dois mil e cinco, pensando na chopada de letras que tava rolando desde as duas da tarde, com direito a feijoada e, eu supunha ter visto num cartaz, show de carlos lyra, esse um carioca legítimo. o tipo de coisa que eu tava procurando no rio, pensei. enquanto meus colegas de curso tomavam o rumo do hotel, eu tava ansioso pra dar uma passada nessa chopada. ouvir boa música, beber uma geladinha, e, talvez, conhecer uma galera interessante. óbvio que não se tratou disso. bebi a primeira cerveja quente, sozinho, vendo a "galera" rebolar ao som do mundialmente famoso funk carioca. tudo bem, vamos tomar outra cerva. quente. o som pára, dá lugar a uma microfonia. é o show, pensei, finalmente, cheguei na hora certa. então veio o axé. o não tão famoso mas igualmente poético e sensível axé baiano. esperei minha latinha quase acabar e perguntei a uma garota de um grupinho se o show já havia passado, e então ela começou a se lamentar de que havia perdido o show e que adorava a velha guarda da portela, e novamente que perdeu o show, e que eu também perdi, e que eu teria que ir à quadra da portela, que eu, de novo, perdi o show e que a cerveja tava quente e tava acabando. concordei de imediato com a parte da cerveja. a garota não parava de falar. ao saber meu nome, foi logo dizendo que também era o nome do seu coelho e que esse cagava muito e por todo canto e que ela tinha um trabalhão limpando a merda do coelho, que, novamente, tinha meu nome. eu cago menos e de preferência no banheiro, falei, mas aí ela me disse que seus outros animais de estimação eram um gato chamado "feio" e um peixe chamado "chorão", e isso me chocou. caralho, pensei, ela usou esses adjetivos como nomes próprios exceto para o coelho, que cagava pra burro, nesse ela pôs meu nome. deveria haver algum significado naquilo, era algum sinal, ou, no mínimo, deveria render alguma reflexão. feio, chorão e eu. feio, chorão e eu. ela começou a tagarelar pra outro cara que estava no grupo e eu fiquei lá - feio, chorão e eu. tentei sair do meu mundo dizendo, sarcasticamente, que estava gostando de ver uma legítima manifestação carioca, o funk, sobretudo numa calourada de letras. soou como uma ofensa pra ela, que me tomou por um tapado inculto, coisa que só vim descobrir tarde demais. foi, talvez, uma pequena cagada. feio, chorão e eu, feio, chorão e eu - aquilo começava a fazer sentido. mas então a cerva quente acabou, e não havia mais nada a fazer ali exceto escutar funk e ver cariocas embriagados tentarem descolar cariocas embriagadas. fomos beber no hotel - feio, chorão e eu.
sábado, setembro 01, 2007
uma breve noção de existência

no início, a escuridão e o silêncio. vem o teque-teque-teque do ventilador, a luz do abajur ao lado da cama se acende, e é o big bang. deitado, de cueca, o lençol da cama caindo pelos lados. um copo d'água intacto no criado-mudo estivera esperando a ressaca passar para ser tomado. a mão vai, finalmente, até o copo. ele olha ao redor, tenta arrumar o lençol. falha. esse sou eu, em algum momento do sábado. o abajur se apaga, é o fim dos tempos. lá longe, o sábado continua.
quinta-feira, setembro 28, 2006
a insustentável lerdeza do ser

sem explicações sobre o longo período de ausência, digo que estava eu certa vez naquela locadora, a sms, com um casal amigo, meio que escolhendo um filme pra ver (na verdade não queria ver nada, exceto aquele filme finlandês, "o homem sem passado", que citei há um tempo por aqui). então estamos lá, naquela seção de drama, e aparece um casalzinho atrás, numa típica discussãozinha sobre que filme locar. preciso dizer que essas efemérides são pratos cheios pra mim, principalmente pra mim... então a fofinha (que chama o louro atrás de mim de gatinho) está neste momento brigando com seu amado pra que este não alugue "magnólia" e sim "meninos não choram". este ser que vos fala estava imaginando, no momento, que deveria conseguir algum papel e caneta pra criar enfim sua lista de filmes imperdíveis... acontece, pessoal, que a risadinha irritante da moiçola me chamou a atenção - certos detalhes idiotas às vezes me prendem totalmente - e então passei a fingir que estava escolhendo um filme, quando na verdade estava atento à conversa do casal. e, puta merda, não é que sempre, nessas horas, vale a pena? sério! "não pega magnólia não, gatinho, eu vi meninos não choram, pô, é massa, tá ligado?" e tome risadinha irritante. daí o galego, muito do correto, fica calado um tempinho pra depois soltar apenas um brilhante "sei..."; e eu lá, na boa, e ela com "não acredito que você vai pegar magnólia, oxeeee!". risadinha irritante outra vez, que delícia. finjo que estou interessado no "mar adentro" e fico lá, cozinhando. eis, então, que meu voyeurismo é recompensado: ela, a fofinha, emenda um "eita, esse filme, a insustentável leveza do ser, é maravilhoso...! mas acontece uma coisa muito ruim com o cachorro e por isso não vale a pena ver!". uau. entrou direto pra lista de frases do ano. comentários como esse nem kleber mendonça faz. não a tomo por imbecil, de modo algum, qualquer um é capaz de soltar frases do tipo, principalmente numa sexta às onze locando um filme com o namorado quando na verdade poderiam estar é trepando. e fodam-se os cachorros.
terça-feira, janeiro 10, 2006
jazz é muito bom, né não?

por volta de nove e meia meu telefone dá aquele toque de judeu, uma amiga das antigas. sabia que era alguma bronca. ligo de volta, já falando:

- diga, minha linda.
- essa vida é tão frustrante...
- você só percebeu isso agora?
- é. o que se faz com ela?
- amar.
- amar?
- é, amar.
- e...?
- ser amado também é importante.
- muito pouco. ainda é frustrante.
- fazer sexo com quem se ama é muito bom.
- isso é. mas tem que encontrar alguém que se ame.
- por isso é raro. na maior parte das vezes o negócio é ir transando com quem não se ama.
- até encontrar alguém que dê pra amar, e, talvez, dê pra transar.
- é, mas quando acontece é muito bom.
- é muito bom mesmo, mas é pouco.
- há quem se contente com isso. até achar o próximo amor...
- ou não querer mais sexo.
- como?
- ou até não se importar mais com sexo.
- aí melhora.
- melhora como?
- na maior parte do tempo a gente pensa em sexo. grande parte de nossa energia tá direcionada pra isso. quando a gente não quiser mais sexo, nossa paixão, nossa motivação, nossa energia vai estar direcionada pra coisas mais significantes da vida, e, diga-se de passagem, coisas muito menos problemáticas.
- é...?
- quando o desejo sexual desaparece, você pára de agir como animal e começa a agir como gente.
- mas é difícil!
- muito difícil!
- e chega uma hora em que você morre.
- é... você faz sexo na maior parte das vezes com quem você não ama, algumas com quem você ama...
- ...e então morre.
- é, e muito provavelmente morre ao lado de quem não ama.
- isso é frustrante.
- eu te falei, descobriu tarde.

ela diz que não consegue mentir pra mim e aí segue-se um papo bem mais pesado. coisas que só acontecem terça-feira à noite, é de lascar. e então chega a hora de desligar.

- vou pensar nisso tudo.
- pensa mesmo.
- eu te amo.
- também te amo.

já viram o que acontece quando se derruba a primeira pedra duma fileira de dominó? cacete...
quinta-feira, janeiro 05, 2006
a história é bela. o mestre zen hakuin é um dos raros que floresceram. um guerreiro veio a ele, um samurai, um grande soldado, e perguntou: "existe algum inferno? existe algum céu? se existem céu e inferno, onde estão os portões? por onde eu entro? como posso evitar o inferno e escolher o céu?". ele era um simples guerreiro. guerreiros são sempre simples. é difícil encontrar um negociante que seja simples. um negociante é sempre esperto, cheio de truques; do contrário, não poderia ser negociante. um guerreiro é sempre simples, do contrário, não poderia ser guerreiro. um guerreiro conhece apenas duas coisas: vida e morte, e nada mais. sua vida está sempre em jogo; ele está sempre arriscando tudo. é um homem simples. por isso os negociantes não puderam criar um mahavir, um buda. mesmo os brâmanes não puderam criar um ram, um buda, um mahavir. os brâmanes também são astuciosos, à sua maneira. também são negociantes, de um mundo diferente, do outro mundo. lidam com negócios, não deste mundo, mas do outro mundo. seu sacerdócio é um negócio; sua religião é matemática, aritmética. eles também são espertos, mais do que os negociantes. o negociante é limitado a este mundo; a astúcia dos brâmanes vai além. eles sempre estão pensando no outro mundo, nas recompensas que receberão lá. seus rituais, suas mentes preocupam-se em como obter mais prazeres no outro mundo. eles estão interessados nos prazeres. são negociantes. nem mesmo os brâmanes puderam criar um buda.

isso é estranho. todos os vinte e quatro teerthankaras jainas eram kshatriyas, guerreiros. buda era um guerreiro. ram e krishna eram guerreiros. eram pessoas simples, sem astúcia em suas mentes, sem aritmética. conheciam apenas duas coisas: vida e morte. aquele guerreiro simples foi a hakuin para perguntar onde estava o céu e onde estava o inferno. não foi para aprender nenhuma doutrina. queria saber onde estava o portão, para que pudesse evitar o inferno e entrar no céu. e hakuin respondeu de uma maneira que só um guerreiro podia entender.

se um brâmane tivesse ido perguntar, seria preciso recorrer às escrituras. os vedas, os upanixades, a bíblia, o alcorão teriam sido citados. então um brâmane entenderia. tudo o que existe para um brâmane está nas escrituras. as escrituras são o mundo. o brâmane vive na palavra, no verbal.

se um negociante tivesse ido, não teria entendido a resposta que hakuin deu, a maneira como ele agiu com o guerreiro. um negociante sempre pergunta: qual é o preço do seu céu? qual o custo? como posso consegui-lo? que devo fazer? quão virtuoso devo ser? qual a moeda? que devo fazer para conseguir o céu? o negociante sempre pergunta o preço.

ouvi contar uma bela história. aconteceu no início, quando deus criou o mundo. deus veio à terra para perguntar a diferentes raças a respeito dos dez mandamentos, as dez regras da vida. os judeus sempre deram muita importância a essas dez regras. os cristãos e muçulmanos também. todas essas religiões são judaicas. a origem é a mesma. e o judeu é o perfeito negociante.

então deus veio perguntar. apareceu aos hindus e perguntou: "gostariam de ter dez mandamentos?". os hindus disseram: "qual é o primeiro? precisamos de uma amostra. não sabemos o que são esses dez mandamentos".

deus disse: "não matarás". os hindus responderam: "vai ser difícil. a vida é complexa. envolve matar também. é uma grande brincadeira cósmica. há nascimento, morte, luta, competição. se toda competição for eliminada, tudo se tornará insípido, enfadonho. não gostamos desses mandamentos. estragarão o jogo".

então deus foi aos muçulmanos e disse: "não cometereis adultério". deus deu-lhes também um exemplo. os muçulmanos também haviam pedido um exemplo. eles disseram: "vai ser difícil. a vida perderá toda a beleza. pelo menos quatro esposas são necessárias. você chama isso de adultério, mas é tudo o que a vida pode dar, tudo o que um homem virtuoso deve ter. quem conhece o outro mundo? este é o mundo. você no-lo deu para o desfrutarmos, e agora nos vem com esses dez mandamentos. isso é contraditório".

deus continuou perguntando, até que chegou a moisés, líder dos judeus. moisés nem pediu uma amostra. deus ficou com medo. se moisés dissesse não, não restaria mais ninguém. moisés era a última esperança. no momento em que deus disse a moisés: "tenho dez mandamentos" – o que moisés respondeu? disse: "quanto custam?". é assim que pensa um negociante. a primeira coisa que deseja saber é o preço. deus disse: "não custam nada". e moisés: "então fico com os dez. se não custam nada, não há problema". e foi assim que nasceram os dez mandamentos.

mas esse samurai não era judeu. não era um negociante. era um guerreiro. veio com uma pergunta simples. não estava interessado em escrituras, em custos, em nenhuma resposta verbal. estava interessado na realidade. e o que fez hakuin? disse: "quem é você?" e o guerreiro respondeu: "sou um samurai". é algo digno de orgulho ser um samurai no japão. significa ser um guerreiro perfeito, um homem que não hesitará nem um momento para dar sua vida. para ele, vida e morte são apenas um jogo. ele disse: "sou um samurai. sou o líder dos samurais. até o imperador me respeita". hakuin riu e disse: "você, um samurai? mais parece um mendigo".

o orgulho do guerreiro foi ferido, seu ego levou uma pancada. o samurai esqueceu-se do motivo por que tinha vindo. tirou sua espada e estava a ponto de matar hakuin. esqueceu-se de que viera até esse mestre para perguntar onde estava o portão do céu e onde estava o portão do inferno.

hakuin riu novamente e disse: "esse é o portão do inferno. com essa espada, essa raiva, esse ego, abre-se o portão".

isso um guerreiro pode entender. e ele entendeu imediatamente: esse é o portão. então ele embainhou novamente a espada. e hakuin disse: "aqui se abrem os portões do céu".


bhagwan shree rajneesh.
terça-feira, janeiro 03, 2006
cerveja

eu não sei quantas garrafas de cerveja eu consumi enquanto esperava as coisas melhorarem. eu não sei quanto vinho e uísque (e cerveja, principalmente cerveja) eu consumi depois de romper com mulheres – esperando o telefone tocar, esperando pelo som de passos e o telefone tocar, esperando o som de passos, e o telefone nunca toca, até que bem depois, e os passos nunca chegam, até que bem depois, quando meu estômago vem saindo pela boca, elas chegam tão frescas quanto flores na primavera: "o que diabos você tem feito com você mesmo? vão ser três dias até que você consiga trepar comigo!"

a fêmea é durável. ela vive sete anos e meio a mais que o macho, e ela bebe muito pouca cerveja porque sabe que é ruim pra aparência. enquanto nós enlouquecemos, elas saem dançando e rindo com cowboys tesudos.

bem, há cerveja. sacos e sacos de garrafas vazias de cerveja. e quando você pega um deles a garrafa cai através do fundo molhado do saco de papel, rolando, tinindo, derramando cinza molhada e cerveja mijada. ou os sacos caem rolando às quatro da matina fazendo o único som da sua vida.

cerveja. rios e mares de cerveja. o rádio cantando canções de amor enquanto o telefone permanece em silêncio, e as paredes lá, bem acima e abaixo. e a cerveja é tudo o que há.




muito embora possam crer alguns que tais palavras vieram deste que vos escreve, assossego-lhes o coração admitindo que não tenho tamanho gênio - nem para as letras, nem para as bebidas, nem para a combinação das duas. o que fiz foi traduzir/adaptar um poema do velho buk chamado, uau!, "beer", e publicado em, uau!!!, "love is a mad dog from hell", ou "amor é um cão maluco dos infernos". ok?
terça-feira, dezembro 27, 2005
vida, minha vida, olha o que é que eu fiz...

eu nunca quis nada. nunca tive um objetivo fixo, nunca corri atrás de um grande prêmio na vida. ninguém nunca soube de fato o que se passa em mim. uma pena. acho que muitos aí também podem dizer que ninguém nunca soube, de fato, completamente, o que se passa lá dentro de vocês. e é outra pena. estamos todos presos em nós mesmos. quem consegue dizer não às impressões, quem consegue dizer não às ilusões, mesmo sabendo que nada disso importa?

se me aproximo de mim, distancio-me do mundo. e isso talvez não seja tão ruim...

rodrigo nasceu no natal, e, nesse mesmo dia, uma garota abortou ao seu lado. felicidade de uns, tristeza e, então, felicidade de outros poucos. e aí, neste dia de natal, todos se vão (há festas esperando), e eu chego no hospital levando dois cheeseburguers e uma felicidade despretensiosa, levando uma vontade grande de dar boas vindas ao novo membro desse imenso circo. talvez ele também um dia diga que nunca quis nada, mas, mesmo assim, preciso dizer, seja bem-vindo. e boa sorte; a vida é mais bonita do que parece. sério.

happy new year, tree friends!
quinta-feira, dezembro 22, 2005
who's bad?

há quem considere deus o maior sacana que existe na face da terra, digo, da existência. sério. eu, íntimo da figura com "f" maiúsculo que sou, garanto-lhes, caso fosse de sua vontade, o diabo perto do todo-poderoso seria um garotinho que coloca pimenta em picolé de tuti-fruti de garotinhos. deus, nesse contexto, seria o picoleiro maníaco que colocaria sedativo no picolé de tuti-fruti para depois "brincar" com os garotinhos. todos nós já experimentamos o que parece ser um pouco do humor-negro divino, não? algumas almas mais iluminadas sentenciam que "deus escreve certo por linhas tortas" mas isso é apenas a ponta do iceberg. e se não for só isso, e se ele sentir prazer em escrever por linhas tortas? o diabo, coitado, morro de pena dele. dizem que é até mauzinho e tudo o mais, mas parece que perde de longe do cara com "c" maiúsculo na arte de sacanear os outros, simplesmente pelo fato de o cara em questão ser "o" cara. porra, às vezes nos parece que deus quando fode com um, fode direitinho. imagino o tamanho da frustração e inveja que isso causa no pobre diabo, como ficou evidente na única entrevista que este deu a respeito do assunto, na revista "infernal times", a semanal que circula no inferno, no limbo, e em alguns lugares descolados do céu, onde é censurada. dizem que a entrevista foi logo após o assassinato de cristo, e a manchete de capa mostrava satanás com lágrimas nos olhos: "deus me usou!", em letras garrafais. anjos disseram que foi de dar dó. belzebuzinho contou como deus o usou para criar o maior ícone de sua história, e como ele se sentia impotente em suas pequenas malvadezas quando deus permitia tanta desgraça e podreira no mundo. "vocês não sabem quem vocês estão adorando, seus bobocas!" dizia ele, freqüentemente. eu sei. acontece que o brother lá em cima é deveras incompreendido, até pelo diabo. seus fanáticos aqui acham que deus faz isso e aquilo, mas a verdade é que ele não faz nada, ele apenas deixa. deixa as coisas rolarem. não há maldade, nem o diabo é mau. mau, mau mesmo, somos eu, você, e o michael. são mãos de irmãos, de carne e osso, que apontam armas entre si. deixem o brother, e o velho belbeu, em paz. na boa.

e fim de ano é uma chatice...
"these words i write keep me from total madness." charles bukowski

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