pitomba verde
quarta-feira, maio 05, 2004
quando lerem por aqui que tudo anda muito monótono e tranqüilo, saibam que enfim tudo está bem. enquanto isso...

quase todo meu tempo livre é tomado por eventos dos quais quase nada eu posso pôr aqui e, sendo assim como as coisas são, o tempo todo, o quase nada de tempo que me resta dá apenas e exatamente pra escrever quase tudo que posso, ficando, pois, perdido, um resto desses quases-quases por aí, entre um post e outro, e nem sei se de fato tenho algum mérito nessa parte. posto isso, e demonstrando já muita intimidade com o assunto do quase, que as pessoas insistem tanto em levantar, com voz suave, dizendo "aaah não, quaaase...", apresento-lhes, então, um quasômetro. quasômetros são instrumentos muito especiais. com tal aparelhagem dá-se pra medir, por exemplo, um quase, que vale quase um metro (quando a medida refere-se a comprimento), ou quase um quilo (quando refere-se a massa), ou ainda quase a velocidade da luz, quando refere-se à velocidade que o superman pode atingir, que todos sabemos qual é. mas isso não é nada comparado aos benefícios de saber manejar bem um quasômetro, habilidade essa adquirida por tentativa e erro por pouco (nas melhores universidades há também um curso de quasiologia, onde aprende-se a construir e manejar quasômetros e afins). pode-se fazer barbaridades com essa coisa. utilizando-se um quasômetro acoplado a um instrumento de sopro, só pra começar, pode-se aferir se uma pessoa está quase apaixonada, que é um degrau para um outro quase bem conhecido. com um pouco de experiência, um quasômetro pode ser usado também diretamente nos olhos, entre as coxas, e nas pontas dos dedos, na tentativa de medir-se se alguém está quase lá. quasômetros apontados para espelhos checam facilmente se está-se quase perdendo um grande amor, e, vejam bem, com quase cem por cento de acerto, o que é crucial para se tomar a atitude certa na hora certa. mas não apenas nesses terrenos pantanosos da psiquê o instrumento pode ser usado. usa-se, por exemplo, o quasômetro hoje, em caráter experimental, nas pesquisas sobre células-tronco, que podem melhorar a saúde de pacientes cuja morte é quase certa, muito embora tais pesquisas estejam sendo quase proibidas. já em dois mil e três, durante o expurgo do iraque (numa clara referência ao expurgo do condado), caças americanos fabricados pela boeing utilizavam um software de quasiometria, desenvolvido no mit à base de café, para guiar os mísseis da lockheed até seus alvos pré-programados, de modo que quase todos acertaram em cheio. e dos que acertaram em cheio, quase todos os alvos programados eram de fato instalações militares, o que demonstra também sua utilização pelo alto comando militar. nas artes a quasiologia inspirou profundamente as mentes do quase-arte muito conhecido como arte conceitual ("o artista não luta mais com a matéria, mas com a idéia. não faz mais obras, propõe idéias para fazer obras"). na psicologia, psicólogos têm identificado com sucesso os relacionamentos que quase dão certo, o que tem permitido a muitos casais separarem-se antecipadamente com tranqüilidade, pois o diagnóstico geralmente acontece na fase em que quase tudo está bem. fica evidente, portanto, que aplica-se quasômetros em quase todos os ramos do conhecimento humano. esse texto, como último exemplo, demorou vários dias para ser feito. de tanta falta de consistência, fiquei perdido sem saber como sair do labirinto de palavras. felizmente, quase que não consigo terminá-lo.
"these words i write keep me from total madness." charles bukowski

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