pitomba verde
quinta-feira, março 11, 2004
on the road

quando uma garota que há muito, desde a faculdade e as sextas carreteiras da época do liseu, há tempos você a tem como um belo exemplar de mulher, quando ela senta no seu colo a noite toda, chama-lhe de gostoso, fica bêbada e você não faz nada, é hora de começar a pensar em que fase sombria, emocionalmente falando, você se encontra. e isso é apenas um pequeno ato de uma peça monstruosa, que eu não tenho comentado com freqüência, mas cês fiquem certos que ela está sendo encenada, sim senhor. uma paixonite carnavalesca e deveras juvenil passou voando por mim, e de lá pra cá sinto-me um zero à esquerda, mas essa de ontem à noite vai me fazer pensar um pouco, o que eu detesto. isso sem falar das loucuras e atos e falas e performances insanas e desvairadas, eroticamente desvairadas, que insistem em acontecer, por mais que eu me feche pro mundo, rapaz, que coisa...

ok, gente, o momento introspectivo (?!) já era, vamos fazer jus ao título desse post. seguinte: estou de férias desde o início do mês e dentro de quarenta e oito horas estarei voando em direção ao sul, num gol noventa e quatro antigão, ao lado de mr. w, pronto pra deixar todas essas pendengas sentimentais e infinitamente chatas para trás durante uns quinze dias. o roteiro ainda não está bem traçado, mas já está certo que dirigiremos até salvador e curtiremos um pouco aquela cidade, se é que é possível haver diversão ali, ao lado de mr. y. então quando o saco apertar estaremos rumando para porto seguro, para las chicas e além. a partir daí o roteiro fica nebuloso, mas nosso destino final será uberlândia, em minas, a homeland de mr. w, muito bem descrita nas palavras de um maluco de brasília, que conheci há pouco, como "quero te enganar não, cara, mas lá em minas tem cada mulher!!". oh yeah, babe, talvez lá, mudando de ares, eu reencontre uma parte do velho eu de outrora, vai saber, mas o que instiga mermo é a ignorância, o fato de não ter consciência do que está por vir - isso é adrenalina, não acham? entonces, entonces, um beijão pra todos vocês, meus preciosos, e nos vemos por aí!

ps.: e por falar em precioso, baixei o retorno do rei na internet e chorei de novo. absurdo.
sexta-feira, março 05, 2004
o menino revolucionário

desculpem o longo texto, mas esse aí abaixo foi escrito por meu irmão mais novo, raony, e é um dos contos de que mais gosto escrito por ele. resolvi compartilhá-lo com vocês, mes amies.



o menino Revolucionario

Essa é a história do menino Revolucionário. A primeira palavra que o menino Revolucionário falou foi bigorna. Desde pequeno o menino Revolucionário já demonstrava suas tendências revolucionárias, chorava de dia e dormia à noite até o dia em que passou a chorar à noite e dormir durante o dia, ninguém nunca sabia qual seria o novo passo do menino Revolucionário. Não gostava de chupeta e nem tinha medo do escuro, chamava a babá de mamãe e sua mãe de Dona Elza.

O menino Revolucionário tinha muitos amigos, mas na hora da brincadeira ninguém entendia. Fazia gol contra e não corria atrás de ninguém no pega-pega, mas de hora pra outra mudava e refazia a vitória do seu time ou achava todos no esconde-esconde. O menino Revolucionário não colecionava figurinhas, colecionava álbuns, adorava comprar as revistas e ficar preenchendo o vazio com sua imaginação, tentando adivinhar que figura estaria ali. Teve um dia que começou a desenhar, desenhava tão toscamente que sua professora se preocupou e veio falar com a mãe, mas os desenhos não tinham significado algum até que o menino Revolucionário decidiu que já que ninguém entendia seus desenhos, ia parar de desenhar e se voltar pra literatura.

Fez um livro, Como Entender os Meus Desenhos, deu pra professora e pra mãe ler e depois jogou tudo no lixo. Foi quando decidiu ser esportista, fazia atletismo e natação, tinha um bom desempenho físico mas lhe faltava a previsibilidade, nunca jogava os pesos onde devia jogar, ou quando menos se esperava os atirava a metros de distância. Corria em zigue-zague e dizia que a melhor filosofia era boiar enquanto os outros nadavam.

Já com 15 anos o menino Revolucionário entrou na adolescência, se trancou no quarto com uns pacotes que trouxe da rua e a mãe ficou aperreada. Saiu 6 horas depois com uma pintura a óleo tosca retratando sua mãe, era seu presente de aniversário, tinha definitivamente voltado à arte. O menino Revolucionário nunca entrou em depressão, nem questionava o sentido da vida, mas sempre era encontrado questionando o dos outros. O menino Revolucionário não bebia, não se drogava e era o que saía no final da noite com a melhor mulher entre os amigos.

O menino Revolucionário não dizia, cumpria. Acabou o namoro de 3 anos para ir viajar e foi. Passou mais dois anos em andanças pelo país, participando de várias atividades revolucionárias. Ficou conhecido, renovou as artes e a poesia pelo sul, participou de greves e passeatas no centro-oeste, aprendeu a tocar violão e comprou uma moto. O menino revolucionário trabalhou de faxineiro, garçom, cozinheiro, atendente, empacotador, motoboy, poeta, retratista e violeiro de ponta de esquina. O menino Revolucionário nunca foi humilhado nesses trabalhos, nem se deixou rebaixar. Criou uma rede de lanchonetes no interior, para em seguida deixá-la para o sócio e continuar suas viagens. O menino Revolucionário sempre deu do seu para os que não tinham, a não ser quando não tinha e estava compartilhando com estes o dos outros.

O menino Revolucionário cresceu e virou homem, o homem Revolucionário. Foi pra faculdade e se formou, chegando de volta reatou o namoro e reencontrou os amigos. Trabalhou anos em diversos empregos não por que não se adaptava, mas porque ao adaptar aquela empresa ao modo mais eficiente de trabalho pulava para outra para recomeçar do zero. Foi para Europa e fez doutorado e virou PhD, voltou um homem sábio e se fez político pela direita, no poder reformou tudo e antes que terminasse seu mandato levou uma bala e foi hospitalizado.

Nunca mais voltou à política apesar de aparecer de vez em quando na mídia para ser homenageado pelos seus projetos e mudanças. Virou gerente de uma empresa e se casou com sua namorada, a única. Como diretor, deu condições justas aos trabalhadores ao mesmo tempo em que lhes cobrava o máximo, e não tinha a menor hesitação em despedir os que não atingiam esse máximo. Sua empresa prosperou até que já não via mais onde investir tanto dinheiro, então voltou às obras sociais, apadrinhou diversas instituições de ensino e caridade por todo o país e mundo, tornou-se um homem reconhecido mundialmente e ganhou um prêmio das nações unidas pelo seu trabalho humanitário, mas não foi buscar.

Grande revolucionário, incitou revoltas no mundo todo, suas revoltas eram marcadas pela serenidade e não-violência dos protestos incrivelmente insistentes e perturbadores. Foi desacreditado como beneficente que era, e perdeu prestígio. Tornara-se o “pai” dos subversivos, financiara a arte e cultura underground. Até que para evitar danos a sua empresa, demitiu-se e foi para o interior cuidar dos filhos. Abandonou a comunidade revolucionária, e nunca mais deu às caras, e seu projeto revolucionário teve que andar e crescer sozinho.

Continuou sua Revolução em casa, dedicara-se à ciência e voltou a pintar, cuidava da sua família em tempo integral, e educou seus filhos a não amar o belo, nem amar o feio, a não pensar o que querem que pensem, nem deixar de pensar, a não se submeter a nada, nem submeter nada, a não possuir coisa alguma, nem deixar de ganhar o que se deve, a nunca ver obstáculo algum, mas também a nunca atropelar nem voltar atrás. Ensinou que da vida só se obtém o melhor quando se é livre, não a liberdade falsa dos fracos nem a hipócrita dos revoltados. Que a verdadeira revolução é a Revolução, é o nunca deixar a poeira baixar, porque a vida é curta demais para se hesitar e longa o suficiente para mudar.

Como cientista renovou antigos conceitos científicos com a implementação de novas idéias e teorias, ganhou bolsas de estudo, mas recusou todas, usando o dinheiro que obtinha para formar poupanças para os seus filhos. Já grandes, seus filhos começaram suas próprias vidas e saíram de casa. Voltou-se então para a mulher, e cuidou dela com carinho até que ela falecesse alguns anos depois. Terminando de engendrar a vida dos filhos e resolver suas ultimas pendengas científicas e artísticas, livrou-se de tudo o que tinha e foi viajar.

Poucos ainda lembram do senhor que passava e dizia “é, meus amigos, a vida realmente começa aos oitenta”, viveu ainda longos e longos anos fazendo trabalhos quase voluntários aqui e ali, sendo professor desta ou daquela escolinha, deve ter aparecido na mídia ainda mais uma ou duas vezes por causa da avançada idade que tinha. E trabalhando aqui e ali, sem nunca ter parado, como faxineiro, cozinheiro, padeiro... Até que um dia o homem voltou a ser o menino Revolucionário, e apesar dos aparentes grandes feitos era apenas reconhecido aqui ou ali por mais alguém com tendências Revolucionárias. Pois a maior Revolução que o menino Revolucionário participou não foi a que fez no mundo, mas a que o mundo fez nele, e essa, ninguém imagina.

quarta-feira, março 03, 2004

the school boy

i love to rise in a summer morn
when the birds sing on every tree;
the distant huntsman winds his horn,
and the sky-lark sings with me.
o! what sweet company.

but to go to school in a summer morn,
o! it drives all joy away;
under a cruel eye outworn,
the little ones spend the day
in sighing and dismay.

ah! then at times i drooping sit,
and spend many an anxious hour,
nor in my book can i take delight,
nor sit in learning's bower,
worn thro' with the dreary shower.

how can the bird that is born for joy
sit in a cage and sing?
how can a child, when fears annoy,
but droop his tender wing,
and forget his youthful spring?

o! father & mother, if buds are nip'd
and blossoms blown away,
and if the tender plants are strip'd
of their joy in the springing day,
by sorrow and care's dismay,

how shall the summer arise in joy,
or the summer fruits appear?
or how shall we gather what griefs destroy,
or bless the mellowing year,
when the blasts of winter appear?

william blake - songs of innocence and songs of experience


até a próxima, cara.
"these words i write keep me from total madness." charles bukowski

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