pitomba verde
domingo, janeiro 11, 2004
automatic circus loveware

gostaram do título? me veio à mente, ainda não sei que significado dou. mas cheira a algo familiar.
eu tava lendo um pouco agora. não consigo mais ler por muito tempo. você tem que estar seco pra poder ler por muito tempo, vazio, com a mente livre, e eu ando cheio. tive que vir aqui colocar um pouco de lixo no lugar que lhe é de direito: o lixeiro.

eu devia ter uns seis anos de idade quando escrevi minha primeira, e única, carta de amor. é verdade que escrevi um ou outro poema pra umas poucas mulheres nestes tempos sombrios, mas carta, carta mesmo, foi aquela. foi o começo de tudo, e tou esperando o fim por enquanto. a carta era pra uma garota da turma seguinte, na escola onde eu estudava lá em sertânia, no interior de pernambuco, onde passa o rio moxotó. escola pequeno príncipe, ainda me lembro. engraçado como detalhes idiotas ficam na minha memória, enquanto, não raro, esqueço de coisas bem mais importantes, como por exemplo o nome da garota para o qual a carta era endereçada. o tempo parava quando eu olhava pra ela, e foi coisa de primeira vista. caralho, alguns de vocês já devem me ter ouvido zombar dessa história de primeira vista, mas, somente agora lembro que realmente isso já aconteceu comigo. e lembro também que numa bela manhã ela olhou pra mim, sorriu e passou a mão no meu queixo, e eu pude sentir seu perfume, e poderia tudo ter parado ali, eu não precisava ter dormido, ou comido, ou ter falado mais nada depois. então eu escrevi minha primeira carta de amor, e eu não pensava em entregá-la. eu não sabia como essas coisas funcionavam, eu era um pirralho perdido e diferente. mas eis que um certo dia estava eu com uma colega de turma lá em casa, quando aquela canalha em miniatura pegou minha carta e correu pra entregar à minha pequena princesa. aaahh, puta merda, me recordo muito claramente da sensação: parecia que a guria tinha puxado minhas tripas e estava lá, dobrando a esquina em disparada com elas nas mãos. blof bloft bloft. foi um desastre. o primeiro não. NÂO, PORRA. e esse foi o marco de lançamento de minha carreira amorosa. saborosamente idiota. de lá pra cá já fiquei paralisado diante de algumas outras, mas sempre pus tudo a perder. essas foram as que realmente despertaram em mim algo estrondoso, perturbador, inquietante, o resto foi tudo palhaçada. essas deusas nunca tocadas por mim sempre, em algum ponto do tempo, chegavam até mim, e me presenteavam generosamente com um pouco de ternura, e me deixavam crer que era possível, como naquela manhã no pequeno príncipe onde tudo poderia ter parado, mas eu nunca soube jogar esse jogo muito bem. então tudo ia pela descarga. tudo. até a próxima aparecer.

e a próxima, senhores, a próxima...ontem à noite as coisas cheiraram a isso tudo novamente. não é à toa que tou escrevendo. foi a segunda vez que a vi, e novamente tudo poderia ter parado ali no fim, quando ela me deu um beijo de despedida no cantinho da boca, aquele jeito, vocês sabem. um generoso presente. eu não precisava ter bebido mais depois, muito menos estar escrevendo essas porcarias por aqui, tudo poderia ter parado ali, naquele conjunto perfeito de olhos, nariz e boca, e umas sobrancelhas lindas, que podem ser vistas de vez em quando por entre seus cabelos derramados como calda de caramelo. isso é perturbador. vou tratar de assistir algo bom. beijos a todos.

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"these words i write keep me from total madness." charles bukowski

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